“A nossa nacionalidade atravessa de há muito uma quadra em que o mais difícil problema consiste em harmonizar a vida ao dever.” - (Euclides da Cunha - Sejamos francos, jornal Democracia, Rio de Janeiro, 18 março de 1890)
12 de Julho de 2013. O que vemos em grande parte da imprensa nacional e nas redes sociais? Muitos, talvez a maioria, apoiando o movimento das centrais sindicais e outros descendo a lenha e até fazendo comparativos 'quantitativos' entre a paralisação das centrais e os movimentos de junho quando a juventude brasileira tomou a frente, as ruas e deu início a uma série de outras manifestações em todos os cantos do país.
Sinceramente, ficar comparando se um teve mais e outro menos público, se as centrais são mais políticas e os movimentos de junho são mais originais, esse tipo de coisa, ao meu ver, é uma grande prova de imbecilidade de quem trata da coisa desta forma e tais discursos idiotas só fomentam a desunião e povo desunido todos sabem o que significa...
Vamos botar na ponta do lápis tudo o que aconteceu até agora. O que mudou de fato? Os políticos enrolaram, enrolaram, enrolaram e tudo está como sempre foi e pelo visto continuará sendo a mesma porcaria por um tempão, só aparências e faz de conta... Os movimentos, aos moldes daqueles de junho enfraqueceram e estão em 'pause', por quê? Meus amigos, minhas amigas, o povo foi para rua e deve continuar indo (e talvez volte mesmo com mais força, determinação e organização), mas é preciso muito mais do que ir pra rua, é preciso saber usar o sistema contra o próprio sistema, ou vai ou racha! E, francamente, (ninguém curte violência e ninguém aqui prega isso) mas a história mostra que não há mudança sem bagunça, não há revolução sem sangue e suor, esse papo de manifesto pacífico e não sei que, é bonito, mas todo mundo já leu algo ou tem conhecimento sobre 'a reforma da não-violência do Gandhi na Índia', foi linda, poética e tudo o mais, mas não resolveu nada e a Índia ainda se dividiu e surgiu o Paquistão. Aliás, imagina o povo Francês durante a revolução francesa, especialmente, na tomada da bastilha com cartazes e gritando 'não violência'? Iria adiantar algo? Vejam no Brasil as revoluções, os protestos e manifestos de 1.555 até agora (Clique aqui e leia mais sobre isso), a maioria começou em tom de diálogo, mas a história mostra que diante de governos tomados por bandidos não existem revoluções pacíficas e não há mudança sem uma pressão maior e ações mais fortes...
Há como mudar o Brasil na base da conversa, do diálogo pacífico com essa corja de bandidos que está no poder e que desdenha do povo e dos manifestos? Que em suma, está cagando e andando para os protestos?
Desta forma, penso que enquanto as pessoas seguirem desunidas, ou apenas indo para rua sem objetivos claros, morrerão de velhas e não verão nada de novo a não ser 'novos movimentos como os de junho surgindo e se apagando', novas paralisações de centrais sindicais cutucando o governo, ganhando migalhas e parando enquanto "os caras e as caras" (dos Municípios à Brasília) ficarão numa boa. Pessimista isso? Pode ser. Pensem no que quiserem. Mas já diz o velho ditato: "povo unido jamais será vencido. Já, povo desunido ...."
MAIS UMA INDAGAÇÃO INSÓLITA SOBRE OS PROTESTOS DE JUNHO ATÉ AGORA: onde estavam e onde estão os pobres, os 22,3 milhões abaixo da linha da pobreza, e o povo dos bairros, das favelas, do interior? Porque tenho impressão de não tê-los visto nos manifestos até agora...